Cristiano Parreiro é um alverquense de adopção quase a completar dez anos de leão ao peito
Cristiano Parreiro tem quase dez épocas como guarda-redes da equipa sénior de futsal do Sporting Clube de Portugal, onde conquistou vários títulos nacionais, mas foi pelo Núcleo Cultural, Recreativo e Desportivo da Chasa, em Alverca, que deu os primeiros passos na modalidade. Começou por jogar futebol até aos iniciados no Futebol Clube de Alverca na posição de extremo esquerdo mas viria a prevalecer a sua capacidade para jogar à baliza, como já fazia nos jogos de bola de rua com os amigos. A realização de torneios pelas cooperativas, da qual a da Chasa fazia parte, lançou o que viria a ser uma longa carreira no futsal. Ali passou três anos.
De Alverca, onde vive desde os dois anos vindo da ex-República Federal Alemã, onde os pais foram emigrantes, Cristiano Parreiro lembra-se de uma infância muito feliz, diferente da dos tempos de agora. “Havia mais aquele grupo de amigos que jogava à bola à porta de casa ou andava de bicicleta. Hoje a juventude só quer internet e playstation, foi uma grande mudança”, recorda. Treinou com os amigos e muitos ficaram na equipa da Chasa. Jogava-se por prazer à meia noite, mesmo em tempo de aulas.
A aventura na Chasa durou três anos até Cristiano se mudar para o Centro Popular de Cultura e Desporto da Póvoa de Santa Iria. Ali permaneceu mais três anos e conseguiu uma subida à I Divisão Nacional, o que lhe valeu convite para ir para o Forte da Casa, na II Divisão Nacional. Foi aí (mais três épocas) que Cristiano se destacou e o então treinador do Sporting, Paulo Fernandes, que já o conhecia, o levou para Alvalade com um contrato de dois anos. “Tive de fazer a opção de ser profissional, embora não ganhasse muito. Até aí tinha trabalhado numa empresa de logística de Alverca mas já estava há um ano no fundo de desemprego. Foi quando surgiu o convite”, explica.
Curiosamente, um ano antes de entrar para o plantel dos leões, Cristiano esteve duas semanas à experiência no Benfica, mas acabou por não ficar. Seguiram-se quase dez anos de carreira nos leões, com um de intervalo no Belenenses para jogar mais, ao mesmo tempo que trabalhava nos CTT em part-time. Acabou por ser contratado pelo Sporting novamente, como prova do seu valor, até à data.
Vida de treinos e jogos com regresso diário a Alverca
Durante a semana Cristiano faz sete a oito treinos se tem jogos ao sábado. Anteriormente, ia de transportes públicos para Lisboa, mas resolveu tirar a carta de condução há dois anos com o nascimento da filha Joana. A opção por continuar a residir em Alverca teve a ver com o custo da habitação e a proximidade à capital. “São 15 a 20 minutos de deslocação. Mesmo quando treino de manhã venho a casa para dormir uma sesta e descansar antes do treino da tarde. No regresso a casa, às vezes vou buscar a minha filha”, explica o atleta.
Cristiano gosta de viver em Alverca. Vai ao café com os amigos, principalmente ao fim de semana, e aproveita os domingos para fazer programas familiares com a mulher Susana e a filha Joana. “Já não conheço tanta gente em Alverca como antigamente mas de vez em quando é bom encontrar pessoas da nossa juventude”, recorda.
O guarda-redes não se arrepende de ter trocado o futebol pelo futsal e de ter seguido carreira. Afinal conquistou quatro campeonatos nacionais, três Taças de Portugal e quatro supertaças. Foi vice-campeão europeu há duas épocas. Recebeu o Prémio Stromp em 2010 e o “Rugido do Leão”.
Nas balizas leoninas João Benedito tem sido titular ao longo dos anos mas na última época Cristiano conseguiu fazer mais minutos que o seu colega e ter boas prestações. “O treinador tem regras: quem melhor treina é quem vai jogar e só o sabemos quando entramos para o jogo. Se fizer mais minutos esta época já será muito bom, dada a qualidade do João Benedito”, diz Cristiano. Quase a fazer 34 anos, pretende fazer mais três anos como profissional de futsal. Não tem ambição de ser treinador e pensa arranjar um emprego, podendo aproveitar os contactos que fez no mundo do desporto.
Guarda-redes entre os melhores marcadores
Cristiano Parreiro é guarda-redes mas curiosamente é um dos sete jogadores do plantel do Sporting de 14 ou 15 elementos, com seis golos marcados no campeonato e na taça. A situação proporciona-se quando as equipas adversárias optam pela táctica do “guarda-redes avançado” para ficarem com mais um elemento. Com a baliza vazia ao fundo, Cristiano tem acertado na mira mais que alguns colegas de campo. “Quando jogava no Forte da Casa também fazia golos assim”, recorda, mas sempre de pé direito.
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